
Neste desenho podemos ver, a vermelho, a ruptura parcial dos ligamentos Calcaneofibular à esquerda e Talofibular à direita
As entorses do tornozelo podem acontecer em vários desportos. Na escalada podem acontecer também, não por uso excessivo a escalar, mas, quando estamos a celebrar o encadeamento de um projecto com os pés assentes na terra, ou quando estamos a caminhar para, ou, da via.
Podem também acontecer resultado de quedas em vias ou blocos.
Para prevenir este tipo de lesão podemos evitar saltar de blocos altos, em alternativa ‘destrepar’, e aprender a cair.

A vermelho: zona da fibula onde é mais provável a ruptura óssea no caso de entorse mais severa.
Nunca se está completamente em controlo e há sempre a possibilidade de falhar uma presa ou de uma partir e cairmos mais ou menos desamparados.
Entorse do tornozelo pode levar a estiramento e/ou ruptura de um ligamento, mais frequentemente o ‘Calcaneofibular’ e/ou o ‘Talofibular anterior’, mas no pior dos cenários pode haver a ruptura da fibula (perónio).
No passado dia 25 de Maio decorreu no Climb Up o Campeonato Nacional de Boulder.
A atleta Mariana Abreu estava a recuperar de uma entorse. (Lesão, que contraiu fora do âmbito da escalada)

Mariana Abreu a escalar com tape no tornozelo
O estado em que se encontrava no dia era:
– tecidos inflamados
– consegue apoiar e mover o pé sem dor
– dor ao impacto
– dor quando faz o movimento de inversão do pé.
Nesse dia apliquei tape desportiva elástica antes das eliminatórias: para dar estabilidade e reforço à estrutura, permitindo a mobilidade.

Recriação do taping feito no dia da competição. Estável mas a permitir mobilidade
Depois disso, e antes da final apliquei fita desportiva não elástica para imobilizar e dar um maior apoio à articulação. Esta intervenção previne, em caso de queda, haver agravamento. O pé está imóvel, impedindo a motricidade, inibindo dessa maneira o movimento de inversão do pé.
Assim ela foi capaz de competir e de ficar no top 4 na prova.
O que fazer em caso de entorse:

Recriação da ligadura com fita não adesiva feito no dia da competição
As entorses não são todas iguais e há graus de gravidade crescentes. Uma entorse mais simples, pode ter levado ao estiramento súbito de um ligamento, sem haver ruptura e não ser necessário fazer nada. Numa entorse mais grave pode haver fractura óssea e ser imperativo imobilizar a perna com gesso ou similares, uso de canadianas e repouso com o membro elevado.
Numa lesão de gravidade moderada deve-se aplicar gelo no próprio dia, de preferência de imediato. E nos dias seguintes aplicar alternância de frio / calor.
Fazer terapia com um profissional, massagem com creme anti-inflamatório acelera o processo de desinflamação.
Usar uma ligadura elástica funcional, convenientemente aplicada, evita a inflamação e permite que se façam movimentos.
No caso de imobilização prolongada da perna deve-se posteriormente fazer fortalecimento muscular porque a imobilidade leva a perda de massa muscular e risco de reincidência aumentada.
Fazer exercícios de força e flexibilidade.
[Fotos da Mariana Abreu a escalar no evento: Zé “Pistolas”]
[Desenhos e fotos do tornozelo: João Pedro Soares (o primeiro desenho a partir de desenho encontrado na net)]
Revisão:
Rita Correia
Henrique Fonseca
Agradecimentos:
Mariana Abreu por me deixar usar o nome dela e contar esta história
Henrique Fonseca por ter sugerido este tópico
Bibliografia consultada:
“Make or Break, Don’t let climbing injuries dictate your sucess”; Dave Macleod; Rare Breed Productions; 2015