Este é o terceiro artigo de uma série de artigos sobre prevenção e tratamento de lesões dos dedos. Aqui explico várias formas de uso da ‘tape’ e diferenças entre elas.
Uma forma de proteger os dedos em actividades de precisão e exigentes dos dedos é o uso de ‘tape’.
Há varias marcas de ‘tape’ e vários tamanhos. Rolos mais largos são mais versáteis e podem-se cortar em tiras mais estreitas consoante o tipo de aplique que se for utilizar, e zona a ‘enfaixar’.
Antes de começar vou fazer uma ressalva: a tape aplica-se na pele lavada pois adere melhor do que quando se tem magnésio (como nos GIFs abaixo)
Tape em Anel:
Este é o método mais simples de aplicar tape.
Vou chamar a atenção para uns pormenores.
Quando a escalar fizemos uma bolha, temos uma ferida ou um ‘bife’ devemos dobrar a ponta da fita. Desta maneira quando descolarmos a fita no final do treino não arrancamos a pele ou ferida.
Aplicamos a fita com a dobra na zona ferida e enrolamos à volta da falange.
Quando seguramos o rolo mais facilmente cometemos o erro de apertar demasiado podendo até deixar o dedo roxo.
É por isso preferível cortar a fita antes de enrolar.
Outra coisa que devemos lembrar é: terminar a fita no dorso do dedo. Se a fita termina na palma da mão, com a fricção na rocha ou presas pode começar a descolar.
Este forma de ‘taping’ é aplicada quando há lesão de pele, ou lesão de ‘pulley’ ou lhe queremos dar mais suporte.
[para relembrar o que é o ‘pulley’ podem ler o meu artigo sobre anatomia]
Tape em 8:
Nesta forma de ‘taping’ começamos com um ‘anel’ numa das falanges e fazemos um ‘x’ na pele palmar da articulação, envolvemos as duas falanges e terminamos na falange inicial. Como se pode ver nestes 2 GIFs.
Vou chamar a atenção para o seguinte: o dedo deve estar em posição neutra quando passamos de uma falange para a outra. Se tivermos o dedo esticado nesse momento, com a fita aplicada no dedo esticado, então dificilmente o vamos conseguir flectir porque a fita estabiliza e diminui a mobilidade.
Podemos fazer anel na segunda falange ou não. (É essa a diferença entre os dois GIFs acima. No primeiro o ‘oito’ é feito só com uma passagem na falange medial. No segundo dá uma volta na falange medial antes de voltar para a falange proximal.)
Os dedos devem ter mobilidade para flectir e devem estar seguros mas sem apertar ao ponto dos dedos ficarem roxos.
Tape em H:
Para esta forma de enfaixar precisamos de uma fita mais larga. Acima mostro a diferença entre a largura dos métodos anteriores e deste que estou a mostrar agora.
A largura é mais ou menos o dobro da anterior.
Rasgamos a fita como um cromossoma ou um ‘X’
(No GIF acima os telomeros do cromossoma, ou braços do ‘x’, têm tamanhos diferentes, só porque estava a mostrar a largura da tira, e não por ter alguma função.)
Para aplicar colamos o centromero do ‘cromossoma’ na prega de flexão da articulação interfalangica. Ou por outras palavras: o centro do ‘x’ na articulação.
Colamos a fita começando pelos braços mais pequenos.A tape em ‘8’ ou em ‘H’ além de proteger as ‘pulleys’ também protege e dá suporte à cápsula articular.
A em ‘H’ permite mais mobilidade, mas também protege e dá menos suporte à cápsula articular.
[Podem ver mais sobre as tensões na articulação no meu artigo anterior.]
Este post já vai longo e ainda ficou por mostrar e explicar:
-tape em ‘888’
-tape para polegar
-tape para articulação metacarpo-falangica
-tape para lesão de pele na palma da mão
-tape para lesão que nos deixa dedo dormente ou com sensação de formigueiro ou perda de sensibilidade
Se quiserem saber mais sobre este assunto fico à disposição para fazer um talk ou workshop no Climb Up em que posso explicar todas estas modalidades e diferenças entre elas. Podem também marcar uma consulta.
No próximo artigo vou escrever sobre manutenção e aquecimento dos dedos.
Agradecimentos:
Rafaela Bastos (pela tape)
Zé ‘Pistolas’ (pelas explicações no Adobe Premiere)
Revisão:
Rafaela Bastos
Henrique Fonseca
Bibliografia consultada:
MacLeod, D. (9). out of 10 climbers make the same mistakes. Navigation.
“Make or Break, Don’t let climbing injuries dictate your sucess”; Dave Macleod; Rare Breed Productions; 2015
Hochholzer, T., Schoeffl, V., Zapf, J., & Lightner, S. (2003). One move too many…: how to understand the injuries and overuse syndroms of rock climbing. Lochner.
Horst, E. (2008). Training for climbing: The definitive guide to improving your performance. Rowman & Littlefield.
[…] próximos artigos vou falar de mais lesões, tipos de ‘taping’ para proteger os dedos, prevenção e […]
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[…] Igualmente importante, tenho um artigo só dedicado a isso. […]
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