Infelizmente estou a escrever este post depois de situações que vi em alguns festivais de verão onde estive este ano. E claro, as pessoas que despoletaram esta reacção não vão ler este post. Serve então para me centrar, posicionar e lembrar.
Uma das coisas que me chamou a atenção na minha aprendizagem na Tailândia foi o facto de como a massagem tailandesa e o Budismo estão interligados.
Estive numa escola pequena, que não tinha alunos estrangeiros. E por causa disso mergulhei muito na cultura e em tradições que podem não ser vividas por outros alunos noutras escolas.
De manha cedo, chegava antes da escola abrir. Ajudava a limpar e varrer a escola e a entrada.
Sempre limpar a sala: esta é uma forma de veneração e respeito do local de ensino e de trabalho. Sermos nós a limpar a nossa sala cria uma maior ligação e conhecimento do espaço. Como que estamos a espalhar, semear, nutrir a nossa energia e presença na sala/local de trabalho.
Seguidamente colocava-se arroz (que era deixado a cozinhar durante a noite), algumas frutas e bebida na casa de espíritos. Fazia-se uma prece especifica para os espíritos enquanto se queimava 3 paus de incenso.
[Casa de espíritos, são casas pequeninas que existem fora das casas, prédios e até centros comerciais. São colocados mediante um ritual Budista e segue regras criteriosas ditadas pelo monge vidente/astrólogo. Serve para alojar os espíritos que protegem a casa. Desta maneira afasta más energias e atrai boa sorte. (Explicado muito resumidamente)]
Antes de iniciar as aulas e a pratica fazíamos a prece a Shivago (pode ser escrito de outras maneiras). Fazia-se sempre uma prece resumida desta antes e depois de qualquer massagem. (Posso explicar no futuro o que significa essa prece.)
Depois do dia de aulas acompanhava a minha professora a um templo, e Chiang Mai está repleto de templos. Cada dia visitávamos diferentes templos. Não só porque existe um Buddha que representa cada dia da semana, mas por diferentes nuances que devem ser contempladas.
No final do dia retirava-se a comida que se tinha colocado na casa dos espíritos.
Dito isto, o código de ética seguido pelo massagista é o mesmo que o seguido pelos princípios Budistas.
- Não Matar
- Não Roubar
- Não ser Desonesto
- Abster-se de drogas e álcool
- Abster de má conduta sexual
Além destes princípios que estão acima de tudo temos o código de ética específico para o terapeuta, que servem para manter a integridade moral da tradição médica e proteger o paciente. São eles:
- Estudar diligentemente as técnicas e a pratica da massagem
- Não praticar em sítios públicos movimentados ou locais impróprios
- Cobrar um preço justo
- Não tirar pacientes de outros terapeutas
- Não gabar ou vangloriar
- Pedir ajuda e ouvir pessoas que têm mais conhecimento
- Sempre trazer boa reputação para a tradição da massagem (Tailandesa)
- Não certificar alguém que não esteja qualificado
- Agradecer ao Pai da Medicina antes e depois da massagem
Finalmente vou acrescentar alguns pontos, baseado nas minhas observações nestes últimos festivais de verão:
Quando existe um grupo de massagistas a trabalhar numa zona, que já criaram público que sabe que eles lá estão, e espontaneamente te queres juntar:
- apresenta-te aos outros terapeutas quando lá chegas
- não cobres um preço diferente do preço que eles estão a cobrar, as pessoas estão à espera de pagar um valor por ser o valor do grupo, não peças mais depois de fazer a terapia
- basicamente: se chegas a um grupo pergunta como é a dinâmica desse grupo e associa-te às regras. Não vás só colher da fila de espera que eles criaram
- pede autorização antes de usar uma marquesa ou colchão de massagens de outro terapeuta